O
livro didático configura uma ferramenta pedagógica muito importante para o
ensino e aprendizagem dos alunos. Entretanto, “é preciso estar atento e forte”,
uma vez que as discriminações étnicas ainda são muito constantes, visto que o
estereótipo nos materiais didáticos acontece de forma evidente e intensa.
A
Editora Formando Cidadãos mostra-se expert quando o assunto é a representação,
nos livros didáticos (sobretudo, naqueles destinados ao público infantil) dos
negros e dos índios como sendo preguiçosos, infelizes, naturalmente subalternos
e completamente caricatos.
Basta
um olhar atento para vermos nesses livros que chegam às escolas o índio
representado de forma caricatural ou em situações do período colonial. Os
negros quase sempre são retratados faxinando, executando trabalhos subalternos
aos brancos, dormindo em ruas, sem contato com os livros, mal vestidos e
infelizes. Em oposição a essa forma de representação do negro e do índio, os
brancos são representados como pessoas felizes, estudiosas, bem vestidas e
sorridentes.
Mais um exemplo. |
Exemplo de estereótipo altamente preconceituoso. |
É bastante comum a representação de pessoas negras como infelizes, mal vestidos, etc. |
Diante
de tal realidade, vemos o quanto os materiais didáticos omitem a história
dessas etnias afirmando o negro e o índio como marginalizados, sem memória,
história, cultura e desprovidos da capacidade de pensar. Como consequência
drástica, as crianças apresentam desinteresse pela história dessas pessoas,
passando então a enxergá-las sempre como pessoas que merecem ser constantemente
marginalizadas e excluídas por considerar que são destituídos de qualidades. De
acordo com Santos (2007, sp.):
Os
professores que usam os livros didáticos na sala de aula como suporte para
desenvolver atividades educativas, muitas vezes não problematizam a questão no
ambiente escolar. Muitos desses materiais são utilizados como complemento
ilustrativo e são ocultados os fatos que fazem parte da vida dos indivíduos em
formação.
Isso representa um
enorme perigo, pois as crianças se acostumam, por exemplo, a pensar o índio como
sujo, preguiçoso e selvagem. Já os negros ocupam sempre um plano subordinado à
cultura branca, visto que são retratados como intelectualmente incapazes, criminosos,
infelizes e em situações de pobreza e miséria extrema. É importante ressaltar,
assim como evidencia Santomé (1998, p. 131) “o papel da educação escolar é
formar imagem livre de racismo e afirmar valores básicos necessários”. Sendo
assim, os professores e os alunos podem trabalhar os estereótipos e as formas
de discriminação do índio e do negro juntamente com a história e a cultura destas
populações marginalizadas da sociedade.
A Editora Formando Cidadãos tem repetido em diversos livros destinados ao público infantil formas de estereótipos altamente preconceituosos, salientando um paradoxo, principalmente, no que se refere ao seu nome. Neste sentido, vale a pergunta: que tipo de cidadão se pretende formar? Aquele que é bitolado pelos dogmas e práticas altamente racistas e segregacionistas? Se for, está indo bem.
Dessa maneira, é importante deixar claro que as formas de discriminação do índio e do negro nos materiais didáticos, bem como de qualquer etnia, não podem ser enxergadas como algo positivo e desprovidos da capacidade de efeitos drásticos. “É preciso estar atento e forte”. Atenção!
Dessa maneira, é importante deixar claro que as formas de discriminação do índio e do negro nos materiais didáticos, bem como de qualquer etnia, não podem ser enxergadas como algo positivo e desprovidos da capacidade de efeitos drásticos. “É preciso estar atento e forte”. Atenção!
REFERÊNCIAS
SANTOMÉ, Jurjo
Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado- Porto
Alegre: editora Artes Médicas, 1998. páginas 131 e 138.
SANTOS, Caisa
Cruz dos. O estereótipo nos livros didáticos. FACED-UFBA, 2007.
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